UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL (Jornalismo)
ACULTURA DA MÍDIA
DOUGLAS KELLNER
2011
Edson Carvalho De Luna Freire ( capítulos: I e II )
Tadeu Mendes ( capítulos: III e VI )
Carolina Braga dos Santos ( capítulos: IV e V )
Camila Rodrigues ( capítulos: VII e VIII )
Liberado pelo professor ( capítulo: IX )
A CULTURA DA MÍDIA
DOUGLAS KELLNER
Trabalho apresentado como requisito para aprovação na disciplina Teoria da Comunicação I, ministrada pelo Prof. Dr. Jorge Lucio de Campos.
Universidade Candido Mendes
Niterói
SUMÁRIO
CAPÍTULO I – Guerra entre teorias e estudos culturais
CAPÍTULO II – Cultura da mídia, política e ideologia: de Reagan a Rambo
CAPÍTULO III – Por um estudo cultural, multicultural e multiperspectívico
CAPÍTULO IV – Ansiedade sociais, classe e juventude insatisfeita
CAPÍTULO V – A voz negra: de Spike Lee ao rap
CAPÍTULO VI - A guerra do Golfo: uma leitura. Produção/ texto/recepção
CAPÍTULO VII – Televisão, propaganda e construção da identidade pós-moderna
CAPÍTULO VIII – Madona, moda e imagem
CAPÍTULO IX – Como mapear o presente a partir do futuro: de Baudrillard ao cyberpunk
CAPÍTULO I – Guerra entre teorias e estudos culturais
Para que possamos compreender os conflitos gerados entre teorias e estudos culturais faz-se necessário apresentar alguns recortes históricos. Nos anos 1960- época de extensos tumultos sociais que apresentam formas estabelecidas de sociedades, cultura, produzindo novas culturas. Entre liberais, conservadores e radicais – “ guerras culturais “ -.
Já nos anos 1970 com a recessão econômica aflora o pós-guerra apresenta o discurso da reorganização, da economia e do Estado.
Entretanto, nos anos 1980 essa organização dar-se-á pelos governos conservadores, retalhando programas sociais, aumentava déficit das contas públicas dentre outras ações.
Depois da segunda guerra mundial, os países capitalistas e comunistas competiam pela geometria econômica, política e social.
A derrubada do muro de Berlim, a queda do Império Comunista Soviético e a dissolução final da própria União Soviética resultou uma pseuda era de paz e estabilidade.
Na última década surgiram novas tecnologias e com elas ocorreram mudanças nos padrões de vida como também a restruturação do trabalho e do lazer.
Com as novas tecnologias do computador substituíram muitos empregos e criaram outros, oferecendo novas formas de acesso à informação e a comunicação entre pessoas. A mídia da informação – informática tem efeitos divergentes, por um lado, proporciona adversidade de escolha, possibilidade da autonomia cultural, e maiores aberturas para intervenções de outras culturas e idéias.
Vale lembrar que o fenômeno histórico – cultura da mídia é recente por Horkheimer e Adorno nos anos 1940, constituídos pelos seguintes veículos de comunicação: cinema, rádio, TV dentre outros. Com esse tipo de cultura dominante ( cultura de mídia ) suas formas visuais e verbais estão suplantando as formas da cultura livresca para ser decodificada por outros conhecimentos. Esse tipo de cultura caracterizou uma força dominante de socialização. As mudanças políticas sociais e culturais ao longo do tempo foram acompanhadas pela proliferação de novas teorias e métodos para entender a cultura e a sociedade contemporânea.
Já nos anos 1950 os teóricos sociais proclamaram surgimento de novas sociedades pós industriais o conhecimento e a informação seria o princípio essencial da organização dessa sociedade.
Durante os anos 1970 surgiram postulados de que a modernidade estava acabada, de que estávamos numa nova era – pós modernidade ( Baudrillard, 1976 e Lyotard, 1984 ).
Segundo alguns teóricos do pós-modernismo argumentavam de que a sociedade contemporânea com suas novas tecnologias, forma de cultura, experiência do presente, constituem uma ruptura decisiva em relação as formas modernas de vida.
A sociedade “ pós-Fordista “ representa regime de acumulação e caracterizado pela produção e pelo consumo de massa regulamentada pela estatal e por uma cultura de massa homogenia substituído por regimes mais flexíveis de acumulação.
Portanto a sociedade e a cultura contemporâneas estão no estado de mudanças. É travada guerras culturais entre conservadores liberais e progressistas em que os conservadores tentam impedir os avanços dos anos 1960 e impor valores e forma de cultura mais tradicionais.
Nos anos 1990 os conservadores dos Estados Unidos continuam opondo-se ferosmente aos liberais, agora estão no poder depois das eleições de Bil Clinton de 1992.
Os filmes de Hollywood atacam com freqüência as mulheres e o feminismo, predominando o discurso machista a paranóia masculina e branca “ evidenciando em todos os meios culturais. Essas guerras ocorreramem toda Europa. Na Grã-Bretanha( ataque aos conservadores do governo ) na França..
A turbulência teórica ocorreu nos anos 1960 na França, na qual surgiu novos discursos sobre a mesma , a teoria pós-estruturalísta,rejeitando as teorias estruturalistas(semiótica, psicanálise e outras. No pós-estruturalismo emerge novas teorias nda linguagem, do sujeito, da política e da cultura. Nesse período marcou-se a chamada “Guerras entre Teorias”.
Nos Estados Unidos, nos anos 50 e início de 60, marcam o marxismo e o feminismo. Vale lembrar que as experiências da guerra do Vietnã nos anos 60, muitas pessoas da Nova Esquerda e do movimento antibelicista para teoria marxista.
Caro leitor,devemos refletir sobre tais mudanças. Será que foi o acaso?
O feminismo também fez parte dos novos discurso teóricos em todo mundo. Por meio de movimentos radicais, as mulheres começaram a revoltar-se contra aquela aquela que consideravam práticas opressivas das sociedades patriarcais contemporâneas . A primeira manifestação clássica de feminismo dos anos de 1960, foi a obra de Simone de Beauvoir- O segundo sexo.
Também há uma gama de discursos femininos a partir da psicanálise contra os discursos masculinos.
Grupos marginalizados procuram fazer-se ouvir, surgem nos Estados Unidos novos discursos e estudos das minorias negras, indígenas, hispânicos, asiáticos etc. Os estudos em torno da homossexualidade masculina e femenina problematizaram a sexualidade e apresentaram novas perspectivas sobre sexo, cultura e sociedade. Teóricos oriundos de países subdesenvolvidos produziram e fomentaram discursos atacando a colonização ocidental.
Nos anos 70, as explosão das teorias continuaram, deu-se uma nova globalização teórica. Os teóricos do Terceiro Mundo e dos Estados Unidos apropriavam-se dos discurso europeus. A retórica nesse contexto histórico deu-se em torno dda raça, classe, etnia, preferências sexuais e nacionalidades.
Para que servem as teorias? Segundo o autor elas elucidam as realidades sociais e ajudam os indivíduos a entender seu mundo utilizando-se de conceitos, imagens, símbolos, argumentos e narrativas. A metateoria(teoria sobre teoria) contemporânea nota que as mesma usam componentes históricos e literários para explicar a nossa vida.A teoria social dialética estabelece nexos entre as partes isoladas da sociedade, por exemplo,como a economia se insere nos processos da cultura da mídia.
A teoria crítica da sociedade pode utilizar o conceito de articulação para indicar de que modo vários componentes sociais se organizam na produção. O conceito de articulação foi introduzido por estudos britânicos e tornou-se fundamental para sua prática( esse conceito é abordado pelos autores: Hall,Grossberg e Jameson).
As sociedades contemporâneas demandam constantes mapeamento ou remapeamentos devido á intensidade das mudanças e velocidade das transformações sociais em curso.
O teste de uma teoria consiste em seu uso,desenvolvimento e seus efeitos.
Quanto as abordagens aos estudos culturais mencionamos a metateoria e os modelos da teoria social e da crítica cultural que foi influenciada pela Escola de Frankfurt, pelos estudos culturais britânicos e pela teoria pós-moderna/pós-estruturalista. Baseada nos moldes dessa escola, a mesma disseminou estudos críticos de comunicação e de cultura de massa. Como também desenvolveu o primeiro modelo de estudo cultural.
Entretanto, há muitas outras tradições e muitos modelos de estudo cultural que vão desde os neomarxisitas, desenvolvidos por Lukács, Gramsci, Bloch e a Escola de Frankfurt nos anos de 1930 até os feministas e psicanalíticos. Vale ressaltar que na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos prevaleceu uma antiga tradição que precedeu a escola de Birmingnghan. As principais tradições de estudos culturais dialogam com as seguintes áreas do conhecimento: teoria social, análise cultural, história, filosofia e intervenções políticas específicas.
São exemplos das abordagens realizadas na Escola de Frankfurt as análises da música popular desenvolvidas por Adorno, os estudos de Lowenthal sobre a literatura popular e revistas,os estudos de Herzog sobre as novelas de rádio e as perspectivas e crítica das culturas de massa desenvolvidas no estudo de Horkheimer e Adorno sobre a industria cultural de 1972.A dicotomia entre cultura superior e inferior estabelecida por essa escola é problemática devendo der substituída por um modelo que tome a cultura como aspectro e aplique semelhantes métods críticos e todas produções culturais que vão desde a ópera até a música popular.
Os estudos culturais e a teoria crítica da Escola de Frankfurt desenvolveram modelos teóricos do relacionamento entre a economia, o Estado, a sociedade, a cultura e a vida diária fomentada pelas problemáticas das teoria social contemporânea.
Segundo John Fiskesugere o termo “popular”provém do povo.,conhecida como cultura que vem de cima para baixo.
Quanto aos estudos culturais pós-modernos,alguns teóricos como Denzin (1991) e Grossberg(1992) vinculam os estudos culturais à vertente pós-moderna.Esse termo é usado para abarcar uma diversidade de produtos culturais, fenômenos sociais e discuros teóricos. O uso do termo pós-moderno serve para nossa sociedade contemporânea como sinônimo. Hebdige propõe unir algumas novas perspectivas pós-modernas ao programa neogramisciano mais antigo, isto é,consiste em ligar os estudos culturais ao projeto de mudanças sociais e culturais radicais para novas lutas e novas transformações progressista.
Entretanto, os estudos culturais estão no campo novo e aberto, no processo de construção e reconstrução, as intervenções devem apenas criar novas perspectivas ou análises e não fechamentos teóricos.
As teorias feministas e multiculturalistas de raça, etnia, nacionalidade, subalternidade e preferência sexual ganham espaço neste panorama contemporãneo.
Já a ideologia e a cultura da mídia e os métodos críticos podemos mencionar Marx e Engels caracterizaram a ideologia como ideias da classse dominante que obtêm predominância em determinada era histórica. Este conceito foi usado para atacar ideias que legitimavam a hegemonia da classe dominante. Fazer crítica da ideologia implica criticar ideologias sexistas, heterossexistase racista tanto quanto a ideologia da classe burguesa capitalista.
CAPÍTULO II – Cultura da mídia, política e ideologia: de Reagan a Rambo
“Segundo Reagan definiu o “senso comum”, produzindo uma retórica política que vigora durante a era Clinton:” o governo deve ser limitado, e os impostos devem ser reduzidos; os negócios devem ser fortalecidos... ”( CAPÍTULO II – Cultura da mídia, política e ideologia: de Reagan a Rambo, p.80).
Portanto, o feminismo e a crítica do racismo fazem parte integrante de um estudo cultural multicultural. O sexismo, racismo e classismo são ideologias que legitimam a superioridade dos homens sobre as mulheres ou do capitalismo sobre outros sistemas sociais.
Ao observar o primeiro filme da série Rambo apresenta um conjunto de imagens que atribuíam a responsabilidade de sua situação às forças sociais e mostravam que aquilo o impeliam a violência. Já no segundo filme, Rambo foi transformado num guerreiro super-homem que resgata prisioneiros de guerra americanos que estavam no Vietnã. Em geral, a mídia cria um sistema de cultura organizado segundo uma variedade de indústrias, tipos, gêneros, subgêneros e ciclos de gênero.
Contudo, Douglas Kellner em seu ensaio Guerra entre teorias e estudos culturais faz recortes históricos para os interlocutores fomentar discussões a respeito das teorias e estudos culturais que sofrem diversas interpretações no contexto histórico-político-econômico numa sociedade. Os estudiosos sobre as teorias e culturas discutem sobre as mesmas- travavam reflexões para que houvesse mudanças sobre as teorias antigas para dar lugar ao pós-moderno.
CAPÍTULO III – Por um estudo cultural, multicultural e multiperspectívico
Aqui, o autor aborda os principais pontos para desenvolvimento de uma crítica perspectívica:
- Formação de um ponto de vista que articule a constituição social(englobando os conceitos de classe social,etnia,raça,sexo...)
- Representação de fenômenos sociais produzindo um processo de identificação nas sociedades contemporâneas
- Interpretação da cultura e da sociedade em termos de relações de poder,dominação e resistência(articulando as várias formas de opressão em dada sociedade por meio de perspectivas multiculturais)
- Desenvolvimento de posturas normativas nas quais possa se abordar criticamente textos culturais.
-Desenvolvimento de uma crítica teórica da sociedade na qual se possa fundamentar a análise e a crítica cultural(esta,faz uma crítica dos sistemas existentes de dominação,mostrando as forças de resistência e as possibilidades de transformação social radical,interpreta os textos da cultura da mídia no seu contexto,procurando ver como eles se relacionam com estruturas de dominação e com as forças de resistência,bem como as posições ideológicas que solapam no contexto dos debates e das lutas sociais em andamento ).
Esse estudo cultural crítico adota normas e valores com os quais critica textos, produções e condições que façam promover qualquer tipo de opressão e/ou dominação. Também valoriza positivamente alguns fenômenos que promovam à liberdade humana, a democracia, a individualidade e outros valores que, por ele adotados, são defendidos e valorizados em estudos e situações concretas. Porém, o estudo crítico da cultura da mídia também pretende relacionar suas teorias com a prática, desenvolvendo uma política de contestação que vise a imprimir rumos ao progresso cultural, favorecendo a sociedade contemporânea, e contribuindo para desenvolver uma contra-hegemonia um tanto quanto conservadora dos últimos anos.
Ademais, o estudo crítico da cultura e da sociedade deve estar sempre analisando seus próprios métodos, posições, pressupostos e intervenções, questionando-os,revisando-o e desenvolvendo-os constantemente. Desse modo, estará sempre aberto, será flexível, não dogmático nem rígido- o autor reconhece que a sociedade e a cultura contemporâneas constituem um terreno de lutas, as teorias críticas tendem por teorias contestadoras e não tem medo de adotar material oriundo destas, de rejeitar aspectos problemáticos de suas próprias teorias, ou de questionar seus próprios pressupostos ou valores caso mostrem-se questionáveis.
Como foi possível detectar na articulação das idéias do autor,uma perspectiva crítica encara seriamente a conjunção de classe,raça,etnia,sexo,preferência sexual e outros que determinam a identidade como componentes importantes da cultura que devem ser cuidadosamente examinados e analisados a fim de detectar certas tendências sexistas,racistas,homofobias e outras capazes de ´´fomentar´´dominação e opressão. O multiculturalismo também reconhece que há muitos componentes culturais da identidade, e o estudo cultural crítico indica o modo como a cultura fornece material e recursos para se construir identidades e como as produções culturais são acatadas e usadas no processo de formação de identidades individuais no dia-a-dia.
Ao estudo cultural crítico alia-se,pois, um multiculturalismo insurgente que dá apoio ás lutas dos oprimidos contra a dominação e a subordinação,pondo-se ao lado dos que lutam contra a desigualdade,a injustiça e a opressão geradora de desavenças. Ademais valoriza as representações que auxiliem a promoção a luta dos oprimidos contra a dominação, enquanto ataca as representações que tornam legítimas, e que justifiquem a dominação. Portanto,o multiculturalismo insurgente faz parte da´´pedagogia dos oprimidos´, ajudando o oprimido a ver sua própria opressão,dando nome a seus opressores e articulando os objetivos e as práticas de libertação.
Rumo a um estudo cultural multi perspectívico
Em linhas simples, um estudo cultural multiperspectívico utiliza uma ampla gama de estratégias textuais e críticas para interpretar,criticar e desconstruir as produções culturais em xeque. O conceito inspira-se no perspectivismo de ´´Nietzsche´´- na qual toda interpretação é necessariamente mediada pela perspectiva de quem a faz,trazendo,portanto,em sua bagagem,pressupostos,valores,pré-conceitos e limitações. A fim de evitar a unilateralidade e a parcialidade, devemos aprender ´´como empregar várias perspectivas e interpretações a serviço do conhecimento.
Aplicando essas noções À interpretação cultural,conforme o autor do texto,poderíamos argumentar que,quanto mais perspectivas de interpretação utilizarmos numa produção cultural,mais abrangente e rica será essa leitura.
Ao contrário das perspectivas do estudo cultural crítico da sociedade,neste caso,precisa-se-segundo Kelner- combinar críticas marxista,feminista,estruturalista,pós-estruturalista,psicanalista e outras possibilitará uma leitura mais completa e potencialmente mais sólida.
Para ele,apenas uma leitura única - seja ela qual for, pode render conclusões mais brilhantes no estudo de alguns fenômenos do que a combinação de várias leituras perspectívicas:´´mais não é necessariamente melhor´´.Porém,o emprego de várias perspectivas críticas de um modo proficiente e revelador tem mais probabilidade de possibilitar uma leitura mais consciente e precisa. Ainda segundo as suas idéias, um texto pode não se situa adequadamente ao seu contexto histórico (o que precisaria enquadrá-lo nesse contexto em que vive,extraindo as melhores compreensões desse texto e reformulá-lo de acordo com as críticas postas em evidência ).Portanto,um estudo cultural crítico demonstra de que modo os textos culturais produzem identidades sociais e posições pessoais,comparando com posições opostas.
Um estudo cultural contextual
CAPÍTULO IV – Ansiedade sociais, classe e juventude insatisfeita
Nossas concepções de estudo cultural contextual e a noção crítica diagnóstica serão ilustradas neste capitulo, primeiramente por meio do estudo de alguns filmes de terror e de fantasias que expressam os anseios sociais da classe média e dos trabalhadores numa época de insegurança econômica nos Estados Unidos e no restante do mundo. Veremos que a cultura da mídia apresenta alegorias sociais que expressam medos, aparições e esperanças de certas classes e grupos sociais.
A enorme popularidade dos filmes de terror após a década de 1970 leva a crer que algo está profundamente errado na sociedade americana, e o exame desses filmes poderá ajudar e revelar algo sobre a fonte dos medos contemporâneos.
Os anos 1980 também pertencem à era Reagan Bush, e neste estudo queremos relacionar os anseios sócias da época com a hegemonia conservadora, argumentando que esses fenômenos estão interligados.
Os filmes de terror constituem um gênero a tal ponto reacionário que responsabilizam as forças ocultas pela desintegração social e pela falta de controle da vida desviando assim a atenção dos espectadores das fontes reais de sofrimento social. Contudo, também possibilitam uma crítica radical por apresentarem o sofrimento e a opressão como males causados por instituições que precisam ser reconstruídas.
Filmes como O massacre da serra elétrica, Motel Hell, etc. apresentavam a família como monstruosa, como fonte de monstros, repetindo, assim as críticas feministas à família patriarcal. Mais filmes como Poltergeist mostram o ataque de famílias bondosas por monstros, servindo então como defesa ideológica da família de classe média, o que transcodifica cinematograficamente os discursos conservadores pró-família dos anos 1980.
Poltergeist e ansiedade social
Poltergeist conta as aventuras da família Freeling como o oculto; essa família descobre que sua casa foi construída sobre um cemitério indígena, e que seus espíritos procuravam vingar-se dela, por considerá-la invasora. Num dos lances do roteiro, alguns espíritos malignos tentam seduzir a filha vidente de cinco anos. Carol Anne, e levá-la para o mundo dos espíritos. Os pais, para resgatá-la, são obrigados a procurar a ajuda de parapsicólogos e de uma médium.
Um Frreling é um ser livre, membro de uma classe e de uma sociedade livres de preocupações e inquietações básicas, livres para celebrar e viver o sonho da classe média americana. Poltergeist trata das ameaças à liberdade e de perda de soberania da classe média de nossos dias, bem como das probabilíssimas perspectivas de descrever na escala social num sonho americano que gerou e virou pesadelo.
Poltergeist projeta a visão de que a unidade e a instituição social mais orgânica, sólida e viável da vida suburbana é o núcleo familiar de classe média. Spielberg e seus colaboradores apresentam cenas positivas e eternas da vida familiar da classe média sem a distância satríca ou irônica de muitos cineastas contemporâneos (Altman, de Palma, Woody Allen e outros liberais e radicais da família).
Em Poltergeist as personagens agem de modo racional, com cooperação mútua e coragem. Além de apresentar os medos da desagregação familiar, Poltergeist lida com a angústia de perder a casa ou de vê-la desmoronar. O sonho americano tradicionalmente está centrado na compra da casa própria.
Poltergeist também mostra uma casa que, de forma gradual, mas inexorável, vai desmoronando. Seus aposentos se tornam inabitáveis; as máquinas e os aparelhos eletrônicos não funcionam ou funcionam sem controle, e os objetos e os brinquedos se desintegram. O horizonte social é, portanto, a perda da casa e da desagregação da família durante uma época de insegurança econômica e de fragmentação social, na qual muitas pessoas perderam a casa própria, a taxa de divórcios foi superior a 50% e a classe média alta caiu para estratos sociais mais baixos.
Poltergeist II e a crise do patriarcado
O filme de Portergeist original é uma produção brilhante, que combina o gosto pelo macabro e as imagens impressionantes de Tobe Hooper com talento cinematográfico de Spielberg. O fofo que a autora põe no importante papel do gênero nos filmes de terror contemporâneos também tolda a importância do papel das classes e das raças, assim como o seu argumento de que os filmes de terror muitas vezes privilegiam as mulheres em detrimento dos homens deixa de detectar a importância da ressurreição do poder masculino em Poltergeist II.
Poltergeist II continua aprofundando-se nos medos contemporâneos relativos a questões raciais, de classe, gênero e sexualidade de maneira ainda mais completa e extravagante do que o primeiro. Esse filme foi lançado em 1986, durante uma recessão reaganista em que era crescente o medo do desemprego e da perda da casa e do controle sobre a vida.
Diagnóstico crítico: de Poltergeist a Slackers e Beavis and Butt-Head
De outra perspectiva, os filmes Poltergeist, assim como os filmes conservadores do tipo O reencontro (The Big Chill, 1993), representam o fim dos anos 1960. No primeiro Poltergeist, a mãe e o pai fumam maconha e fazem amor, e a geração dos anos 1960 cresceu, casou e agora tem vida próspera nos subúrbios de classe média. Em Poltergeist II a mulher di ao marido “você nunca foi hippie”, afirmando que ele só assumia atitudes hippies para impressionar outra garota. Numa cena significativa, a mãe corta rosas no jardim e lembra-se da infância, quando plantava rosas com a mãe – pungente imagem de continuidade de gerações que alguns radicais dos anos 1960 queriam romper.
O terror e a fantasia conseguem tratar de temáticas dolorosas e perturbadoras demais para serem enfrentadas em gêneros de realismo social. Mas o terror e a fantasia, embora passam ser mobilizações para criticas das instituições vigentes, também podem desviar a atenção das fontes reais de sofrimento contemporâneo, transferindo-a para figuras do mundo oculto Essa é a função ideológica dos filmes de Poltergeist, que constituem elogios conservadores à normalidade da classe média; interpretados diagnosticamente, podem revelar as ameaças de laceração da família que o filme tem por finalidade recosturar.
O efeito Slacker
Os slackers não são produtos passivos dos efeitos da mídia, mais seus participantes ativos, usando-a para produzir significados, prazer e identidade. As onipresentes camisetas muitas vezes têm logotipos ou imagens extraídas da cultura da mídia, enquanto a TV e a música são panos de fundo constantes para os eventos cinematográficos do filme.
Portanto, a mídia tece a trama da vida dos slackers e possibilita uma crítica diagnostica em que se discerne que, para muitos segmentos da juventude de hoje, a cultura da mídia é a cultura. Em certo sentido, o filme apresenta uma visão “pós-moderna” das angustias da juventude contemporânea.
O Estilo de Slacker, portanto, utiliza a tática pós-moderna de fragmentar e descosturar a unidade narrativa, apresentando uma série de instantâneos de vidas parcamente interligadas, percorrendo em linhas tortuosas a superfície das coisas, sem nenhuma profundidade nem significado mais profundo.
A série apresenta uma visão crítica da juventude atual, que cresceu influenciada pela cultura da mídia. Essa geração provavelmente dói concebida e desmamada em meio a imagens e sons dessa cultura, socializada pelos úberes vítreos da televisão, que serviu de chupeta, babá e professora a uma geração de pais para quem a cultura da mídia, especialmente a televisiva, constituiu um pano de fundo natural a parte integrante da vida diária.
Destituídos de cultura discernimentos ou racionalidade e sem valores éticos ou políticos, as personagens reagem de modo literalmente insensato e parecem carecer de quase todas as habitualidades cognitativas.
CAPÍTULO V – A voz negra: de Spike Lee ao rap
Os músicos negros do rap e os cineastas negros têm utilizado a cultura da mídia para expressar sua visão sobre a sociedade americana contemporânea, usando a mídia para resistir à cultura de opressão racial existente nos Estados Unidos e para exprimir suas próprias formas de resistência e de identidade contestadora. A partir disso, examinaremos as estratégias e as táticas estéticas de algumas produções recentes dos artistas populares negros, a fim de esboçar os recursos encontrados em suas obras para a crítica social e a ação política.
A despeito da opressão contínua dos negros e da crescente violência contra os chamados Afrincan-Americans, a cultura negra tem produzido obras extremamente importantes nas ultimas décadas em literatura, cinema, música, teatro e em todas as outras artes.
Os Filmes de Spike Lee
Os filmes de Spike Lee constituem uma intervenção significativa no sistema cinematográfico de Hollywood. Tratando de questões raciais, sexuais e de classe, de uma perspectiva resolutamente negra, esses filmes levam a perceber bem essas problemáticas explosivas, ausentes do cinema branco predominante.
Além disso, o sucesso de Lee ajudou a abrir as portas para o financiamento de um grande número de outros filmes de negros mais jovens, na década de 1990.
Argumentaremos que, a despeito de suas limitações, os filmes de Lee tocam em pontos crucias dos problemas de raça, sexo, sexualidade, classe e política racial, constituindo uma exploração cinematográfica irresistível da situação dos negros na sociedade americana contemporânea e das poucas opções políticas que eles têm à disposição na atual organiação social.
Faça a coisa certa como fábula moral brechtiana
FFC(1989) passa-se num gueto do Brooklyn no dia mais quente do ano. Irropem alguns conflitos entre os negros e os italianos, e, quando um jovem negro é morto pela policia, a multidão destrói a pizzaria.
Lee propõe- se fazer um filme sobre a experiência urbana dos negros a partir de uma perspectiva negra, e seu filme transcodifica discursos, estilo e convenções dessa cultura, com ênfase no nacionalismo negro, que afirma a especialidade da experiência negra e suas diferenças culturais em relação à cultura branca predominante.
FFC propõe a questão da moralidade política e social nos nossos dias: o que é “a coisa certa”, do ponto de vista político e moral, para os grupos oprimidos, como os negros urbanos? O filme é, sem dúvida, modernista uma vez que a questão fica aberta.
Visão cultura e faça a coisa certa
As personagens do filme são retratos de americanos de origem africana, hispânica, italiana, inglesa e coreana, e retrata seus comportamentos típicos e os conflitos que têm entre si. A raça é apresentada em termos de identidade e imagem cultural, especialmente de estilo cultural.
Roupas e acessórios da moda pintam os diferentes estilos e identidades das personagens. Os três filósofos negros de esquina, que discursam sobre a atual situação dos negros, vestem-se indiferentemente, enquanto o alcoólatra Da Mayor (Ossie Davis) usa roupas velhas e sujas, o que o codifica como um exemplo da negritude fracassada.
A ênfase de Malcom X é posta na ascensão do negro à estrutura de poder do branco, no revide à agressão e na ação decisiva para manter o respeito próprio Nesse sentido, a ação violenta de M foi um instantâneo de certos ensinamentos de Malcolm, embora se possa perguntar se aquela foi de fato “a coisa certa”.
Malcolm X como conto moralizador
Pode-ser argumentar que X é interpretável como um conto moralizador que interroga o que é a “coisa certa” para os negros na sociedade americana contemporânea tanto no sentido individual quanto no político. Assim vemos X e FFC como peças políticas moralizadoras e acreditamos que Spike Lee tinha razão quando disse que as crianças negras e outras deveriam faltar à aula para verem o filme Malcom X.
A visão política e cultural de Spike Lee
Há algumas diferenças importantes entre Brecht era um comunista convicto que defendia valores políticos bem específicos e seguia um programa político marxista especifico (embora haja algumas dúvidas sobre isso.
O horizonte social dos filmes de Lee é constituído pela opressão dos negros numa sociedade extremamente racista e pela resistência destes à opressão, por meio da produção de estilos culturais e identidades distintivas.
Tal visão cultural é útil à conscientização das formas distintas de opressão sofridas por determinados grupos, servindo também para transformar a produção de um estilo cultural e de uma identidade independente em aspectos importante da luta contra a opressão. A visão política de Lee é, no geral, culturalista, pois ele dá ênfase à identidade e às decisões morais do negro em termos de raça, sexo e pessoa.
Isso nos leva a outras questões correlatas sobre representações de sexo, raça, e classe nos filmes de Spike Lee. O foco de FCC incide mais sobre questões de sexo e raça do que de classe, e o antagonismo entre italianos e negros é visto mais como um conflito racial do que de classe. Lee tende a festejar o consumo e a definir a identidade cultural em termos de moda e consumismo. Além disso, deixa de analisar a realidade e a dinâmica da opressão de classe.
O Rap e o discurso negro radical
Os negros americanos têm tradicionalmente usado a música e a linguagem musical como forma privilegiada da resistência à opressão. O gospel surgiu como reação à opressão da escravidão, quanto o blue expressava uma resposta ao racismo institucional, de tal forma que ambos refletiam o sofrimento produzido pela opressão e pela resistência a ela.
Foi um acontecimento especialmente significativo que a musica negra utilizasse a cultura da mídia para disseminar seus significados, seus sons suas vozes. Gravadores de fita, rádios de carro e por fim, os cassetes ajudaram a pôr a música em posição ainda mais central na cultura da mídia, e provavelmente poucas coisas foram tão úteis como o esporte profissional e o rock para propugnar pelas liberdades civis dos negros, para mostrar aos brancos que preto é “legal”, para demonstrar que eles são seres humanos merecedores de todas as liberdades civis existentes.
RAP é uma forma de falar ou fazer música em que o R significa rima e o ritmo, e o P, significa Poesia – em alguns casos política. O rap transmitia as experiências e as condições dos americanos negros que viviam em guetos violentos e, assim, se transformou num poderoso veículo de expressão política, traduzindo a raiva dos negros diante da crescente opressão e da diminuição das oportunidades de progresso, quando a simples sobrevivência passou a ser um grave problema.
A voz é muito importante, e as letras características transmitem experiências e, muitas vezes, mensagens. Também defende virtuosismo tecnológico que manipula os sons eletrônicos, é parte importante da equipe. Portanto, trata-se de uma forma que combina tradições orais afro-americanas com sofisticadas modalidades tecnológicas de reprodução de som.
A natureza freqüentemente coletiva dos grupos de rap, por um lado, descentra o individualismo em favor da identidade grupal, mas muitas vezes afirma ambas as coisas, visto que muitos rappers chamam a atenção para si, individualmente, como uma voz distinta, voltando depois a submergir no grupo.
Vale-se do sentido de “inimigo público” segundo o qual a juventude negra é vista na sociedade em geral. Esse nome também significa que eles estão emergindo para a esfera pública, para as culturas prevalecentes, como inimigos, como excluídos, como força desintegradora.
A bravata e a violência são compreensíveis apenas no contexto das tensas relações entre os negros e a política de Los Angeles, cujo ex-chefe, Darryl Gates, se transformou em símbolo do racismo branco e da violência contra os negros.
Vários outros raps do Lado da Morte descrevem a morte dos negros jovens, e muitos expressam a raiva do negro pelas condições opressivas do gueto. O lado da Vida se inicia com sons de um nascimento e passa a “I wanna Kill Sam”, em que ele fez não tem o menor cabimento.
Assumindo ares mais meigos e cuidadosos com a juventude negra em “Doing Dumb Shit”, o Ice Clube conta que puxava o cabelo das meninas na escola primária, ria da cara do valentão da escola, bancava o palhaço da classe, fazia brincadeiras idiotas, atirava com a espingardinha de chumbo, batia nas portas e saía correndo, brincava de esconde-esconde, “até que levei umas palmadas na bunda quando tinha dez anos, porque estava fazendo besteiras.
Também há muitas outras diferenças entre os vários grupos em termos de estilo, ideologia política e personalidades. Mas a competição entre os grupos também indica o costume de brincar de desrespeitar ao oponente, com base em jogos e tradições jamaicanas e em outros jogos afro-americanos, e essa talvez seja uma função da forte competição entre os grupos.
Na verdade, há agora uma tradição coerente do rap com seus ídolos, hierarquias, tipologias, legenda e vilões. O rap tem uma línga e uma gíria particulares, com coisas como homies ou homeboys.
“O rap como pós-moderno” em virtude de sua “colagem não autoritária ou do arquivamento de sons e estilos que denuncia um hibridismo desconstrutivos. Ao contrário, temos argumentado que o rap muitas vezes é originalismo, que expressa uma voz distintiva e forte, que freqüentemente tem mensagens distintas e estruturas narrativas coerentes, que é fértil em significados, exige um publico ativo e, nesses sentidos, tem as principais características do modernismo.
Sem dúvida trata-se de uma forma híbrida, que combina tradições afro-americanas com estilos contemporâneos, misturando voz humana e tecnologia, sons existentes e fragmentos sonoros da mídia, música e ruído dissonante.
Resistência, contra-hegemonia e dia-a-dia
Portanto, o rap constitui uma cultura de resistência contra a supremacia e a opressão dos brancos. A resistência dos negros não só assume e forma de expressão musical e cultural, mas também formas múltiplas de resistência no dia-a-dia, através da linguagem, do modo de ser, das atitudes e das relações sociais.
O curioso em relação ao rap negro é que justamente as produções mais radicais parecem ser as mais vendidas, embora se calcule que mais da metade seja comprada por adolescentes brancos do sexo masculino. A música exige menos capital que o cinema, com grande retorno, o que possibilita produzir e vender rapidamente. O cinema e as formas de cultura que exigem mais capital dificultam o acesso dos negros, ainda que, como notamos, o sucesso dos filmes de Spike Lee ajudou um número de jovens cineastas negros a intervir na cultura da mídia.
CAPÍTULO VI - A guerra do Golfo: uma leitura. Produção/ texto/recepção
Kellner questiona os textos culturais em termos de lutas reais dentro da cultura e da sociedade contemporâneas, situando a análise ideológica em meio aos debates e conflitos sociopolíticos existentes, e não mais em relação a alguma ideologia dominante supostamente monolítica ou então, a algum outro modelo de cultura de massa simplesmente equiparada à manipulação ideológica ou à dominação per se.
Portanto, a ideologia pode ser analisada em termos das forças e das tensões a que está em reação, enquanto os projetos de dominação ideológica podem ser conceituados em termos de resistência reacionária a lutas populares contra valores e instituições conservadores ou liberais tradicionais.A cultura da mídia portanto é retratada em diversos filmes de ação hollywdianas como Easy Rider; Woodstock;New Jack City Duro de matar;(os nomes dos filmes são de mera exemplificação do autor), demonstrando que em algumas seqüências podemos identificar traços característicos das mais diversas situações político-ideológicas em que o país atravessa- a personificação, e as atitudes dos personagens principais desse filmes(como seres unanimamentes 'salvos' de qualquer risco que possa vir a enfrentar,são extremamente habilidosos, e jamais, darão alguma forma de resistência contra as forças opressoras).
Tais filmes, segundo ele, traduzem uma profunda 'identificação' e 'aceitação' por parte do público, de modo que a prevalência das cenas memoráveis fica exatamente nessas cenas de ação, luta do bem contra o mal, e a difícil missão de não 'fracassar' em cena.
CAPÍTULO VII – Televisão, propaganda e construção da identidade pós-moderna
O capitulo começa explicando as tradições de uma religião, seus mitos,costumes,estilo de vida que na modernidade começa a mudar. Era sujeito a mudanças e inovações, pois foi na modernidade que as pessoas passaram a ser reconhecidas da maneira delas, na forma de viver que elas escolheram.
Logo a identidade na modernidade começa a ser tornar um problema, uma indecisão.As pessoas começam a ficar inseguras com as decisões e a aflição aumenta.
Antigamente a identidade era uma função coletiva, a escolha era da tribo, do grupo. Na modernidade era uma escolha individual, uma escolha particular.
Alguns teóricos desfecham um ataque contra a identidade afirmando que a identidade é um mito, uma ilusão. Eu não concordo com quase nada que está escrito nesse parágrafo. Para mim a identidade é uma forma da pessoa ser identificar e hoje já foi provado isso, entendo que antigamente não existia a tecnologia, os estudos de hoje em dia, mas também não vejo motivo para tanto.
O capítulo dá um exemplo de um filme: "uma linda mulher" realizado pelo ator Richard Gere e a atriz Julia Roberts, e diz que o filme quer passar uma mensagem que para as pessoas se "transformarem", se transformar em um novo eu e ser bem sucedido é preciso dar atenção dobrada para a imagem, á moda.Quer dizer que a aparência é "tudo", é mais importante e está acima de qualquer coisa.
O livro retrata com exemplos a televisão que diz ser uma reação contra o realismo e que ela manipula as pessoas. Faz com que os indivíduos acreditem naquilo que estão vendo.
Cada um tem uma maneira de assisti-la. Para uns é um passatempo, uma necessidade, para outros é só para se atualizar, ver as informações mais importantes, o que está acontecendo em seu país. O autor argumenta que a televisão é uma das formas de cultura da mídia que tem o papel de restauração da identidade contemporâneo, uma formação de pensamentos com o comportamento que meche com as pessoas.
A mesma passa aquilo que os consumidores querem ver.Imagens e reportagens que as pessoas se sentem "bem" assistindo, consumindo. Acho que é uma forma de manipulação sim, assim como as propagandas,pois se não houvesse isso não seria tão consumida como é hoje.Cada um assiste e consome aquilo que quer,que sente vontade,e grande parte da população, a maioria acredito eu consome,adoram e não "vivem sem" a televisão em casa.E não vejo só como uma "coisa" negativa,nela aprendemos muito e ficamos atualizados das noticias mais novas, de quase tudo que engloba nosso país.Eu concordo com a maneira que a tal trabalha.
A publicidade tem um enorme poder contra as pessoas,No tópico "as imagens da publicidade" mostra perfeitamente isso. O tópico fala e dá exemplos de diversas marcas e atores que prestam ao papel de gravar o comercial ou folder com anúncios de cigarros, bebidas etc.
A propaganda vende produtos e visões de mundo por meio de imagens,retóricas e slogans justapostos em anúncios nos quais são postos em ação tremendos recursos artísticos, psicológicos e mercadológicos. Tais anúncios expressam e reforçam imagens dominantes de sexo, pondo homens e mulheres em posição de sujeito bem específicas.A multiplicidade de estratégias nas propagandas de cigarro mostra que as agências de publicidade do capitalismo contemporâneo não estão muito seguras quanto aquilo que os consumidores para seus produtores ou quanto ás imagens com as quais eles se identificarão.
CAPÍTULO Vlll - Madonna, moda e imagem
O capítulo fala sobre o prazer que os fãs de Madonna tem de imitar a famosa e diz que ela foi dançarina,musicista,modelo,cantora,estrela do videoclipe,atriz de cinema e teatro, etc. Que ela surge na década de 1980, em que a identidade os jovens estava sendo reformulada numa era conservadora
A mesma desperta o interesse dos estudos culturais porque sua obra,sua popularidade e sua influência revelam importantes características da natureza e da função da moda e da identidade no mundo contemporâneo.Na idade média, a identidade na parte ocidental da Europa era especialmente delimitado, e as normas chegavam a ditar aquilo que os membros de diferentes classes podiam ou não usar.Nas sociedades modernas os códigos rígidos de vestuário e moda foram eliminados.A moda perpetua a personalidade inquieta e moderna, sempre á procura daquilo que é novo,fugido do "velho",o que já está ultrapassado.Mais ou menos no início do século XVll começou a proliferar uma grande variedade de trajes e aparências.A modernidade também ofereceu novas possibilidades de construção da identidade.
Madonna durante seu terceiro período, na década de 1990, continuou a forçar os limites da representação sexual e tornou-se um símbolo da libertação sexual.Essa fase da década de 1990 atraiu legiões de lésbicas e gays,feministas pró-sexo e libertárias sexuais,além de acadêmicos, com a criação de verdadeira indústria informal de interpretação de Madonna que tentavam decifrar suas imagens e seus textos.Nessa mesma década Madonna explorou um tipo de bizarro de guarda-roupa e de sexualidade, produzindo uma série de videoclipes modernistas complexos que expandiram as fronteiras dessa forma de arte levaram MTV a censurar uma das suas produções, "Justify my love", em 1990, e raramente exibir erótica em 1992. Também produziu um livro de imagens eróticas,sexy. Passou a aparecer regularmente em revistas que intercalavam entrevistas ou artigos com imagens provocantes de Madonna em poses de ninfeta e por ai vai.
Seus videoclipes mais marcantes são extremamente estilizados, empregando as técnicas modernistas da construção de imagens atraentes.As cenas de orgia em "Justify my love" são abstratas.O vídeo apresenta uma montagens de poses, fotografias e retificação.A letra da música fala da fuga da vida cotidiana por meio de poses,transformando-se numa imagem mais desejável.Um um clipe da cantora ela faz o uso indevido de imagens que prejudica a mensagem religiosa, pois ela aparece dançando na igreja, e seu comportamento erótico dentro da igreja provavelmente ultrapassa os limites convencionais da decência.A televisão italiana proibiu a exibição desse videoclipe devido á pressão de grupos católicos,mas como sempre, Madonna lucra com suas contradições,atraindo tanto os católicos,satisfeitos por ver uma injeção de erotismo e vida em suas instituições e a dramatização de sua moralidade,quanto os católicos não praticantes ou os não-católicos,que ficam empolgados com imagens subversivas como a de Madonna beijando um negro e dançando de combinação na igreja.
Até agora suas atitudes modernistas foram muito bem sucedidas do ponto de vista comercial, e Madonna se afirma tanto quanto empresária quanto como artista inteligente.Reforçando a idéia de que é na imagem que está ancorada a identidade, mesmo sendo ponto passível de controvérsias, Madonna faz muito o uso desse artifício com vestimentas, maquiagem etc.Mas segundo ela própria a indumentária não é suficiente,:é preciso fazer moda, adotar uma postura. O estilo de Madonna de ser notada é transgredindo os valores convencionais de vestir-se e comportar-se.O fenômeno Madonna mostra que na cultura da publicidade consumista a identidade é construída através da imagem, pose e estilo.Não tendo nada de profundo como sugeriam teorias modernas, que enxergavam a criação de um eu autêntico.Seja qual for a verdade de Madonna, fica evidente que em seus vídeos e suas apresentações estão sempre encenando relações de poder e domínio, e nunca expressam relações de igualdade, de reciprocidade.
Quanto a Nietzche, a vontade de poder está no âmago do universo de Madonna, que representa a si mesma como sujeito dessa vontade, como sujeito todo-poderoso.Nem mesmo com apresentam alguma possibilidade às relações de domínio e opressão, presente na vida atual.
Contudo, ao construir a identidade basicamente em termos de moda e imagem, Madonna faz exatamente o jogo dos poderosos da moda e do consumo, que oferecem um novo eu como solução para todos os problemas através do meio de compras de produtos .
Madonna é uma provocação constante a revelar a primazia da moda e da imagem na cultura contemporânea e a qualidade de construção social de identidade.
A obra e a imagem de Madonna são permeadas por ambigüidades,ironia e humor em alto grau.Seu uso da moda é humorístico e irônico,assim como muitos de seus vídeos e shows.
Em seus melhores vídeo clipes,Madonna surge como desbravadora modernista de fronteiras. Sua idéia de arte privilegia a auto expressão,a experimentação,a derrubada dos limites do bom gosto e o rompimento de fronteiras para ingressar em novas áreas da experiência e da representação.O uso do seu guarda-roupa e da sexualidade, em especial, destrói normas e convenções anteriores e define sua identidade como iconoclasta modernista.
Cadê o último capítulo?
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