quarta-feira, 10 de abril de 2013
DISCIPLINA: ÉTICA GERAL E PROFISSIONAL
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
TRABALHINHO - DISCIPLINA: ÉTICA GERAL E PROFISSIONAL - PROFESSOR: MARCOS ANTONIO - ALUNO: EDSON CARVALHO DE LUNA FREIRE
A ÉTICA JORNALÍSTICA NA NOTÍCIA DO JORNAL “O GLOBO”: UMA REFLEXÃO NECESSÁRIA
A discussão acerca da denominada “ética jornalística” está presente em todo o mundo e, no Brasil, a polêmica se acirra com o avanço da democracia, quando as visões sobre conceitos pouco palpáveis como liberdade de imprensa, imparcialidade e informações fidedignas se multiplicam.
Nessa linha, aumenta-se a responsabilidade do jornalista, mas ressente-se de uma sociedade mais presente. As “deficiências mais evidentes da imprensa foram elencadas já em 1956, por Theodore Peterson et al.: (i) tem concentrado um enorme poder para os seus próprios fins. Seus donos têm divulgado apenas suas opiniões, especialmente em assuntos econômicos e políticos, em detrimento de opiniões contrárias; (ii) tem sido subserviente às grandes empresas e, às vezes, tem permitido que os anunciantes controlem a linha editorial; (iii) tem sido resistente à mudança social; (iv) tem dado mais atenção ao superficial e ao sensacionalista do que ao realmente significativo na sua cobertura dos acontecimentos; (v) tem colocado em perigo a moral pública; (vi). tem invadido a privacidade das pessoas; (vii) está controlada por uma classe socioeconômica vagamente definida como "classe empresarial", que dificulta o ingresso de novas pessoas no negócio, colocando assim em perigo o livre e aberto mercado das ideias.
Cientes dessas imperfeições, os meios de comunicação têm apelado para normas de redação, códigos de ética, constituição de críticos internos (onde cintilam figuras como os ombudsmen), e a criação de conselhos de imprensa.
Aos leitores têm-se destinado a seção de cartas e departamentos de atendimento aos consumidores. Mas ainda é pouco.
Diariamente a imprensa erra. No entanto, o que está em foco são agressões a conceitos éticos nem sempre definidos, mas captados. A ética pode morrer na filosofia, provavelmente não na matemática. Ética, em jornalismo, é moral. Moral na sociedade e mutável.
O jornalismo precisa fugir da falsa noção de notícia transmitida ao público. Nesse sentido, vale lembrar que o caráter essencial da profissão pode ser entendido como uma busca constante de notícias, mas com responsabilidade, independência, verdade, exatidão, imparcialidade e honestidade.
Nesse contexto, a partir da ideia de que notícia é movimento, incomoda e molesta. E, dessa forma, a imagem primitiva do "consiga a reportagem e publique-a" está sendo substituída por "muito bem, apure melhor, cheque todos os dados e publique-a".
Assim, escolhi para mostrar a preocupação com a ética jornalística a reportagem do dia 09 de abril de 2013, do jornalista Daniel Haidar (daniel.haidar@globo.com.br), publicada na página 23 do Caderno de Economia do Jornal O Globo - “Ações de Eike oscilam na Bolsa com rumor de ajuda do governo” –
Nessa notícia, observa-se o cuidado do profissional em (i) situar o leitor acerca da situação econômica da empresa OGX do empresário Eike Batista; (ii) ouvir a opinião de operadores do mercado e, finalmente, concluir pela “perda de credibilidade do grupo na Bolsa, com investidores insatisfeitos com os resultados apresentados até agora, a notícia contribuiu para reduzir a queda dos papéis , que têm oscilado de acordo com rumores. Procurada, a Petrobras disse que não comentaria o assunto.”
E o autor passa a comentar o resultado de pesquisas em outras mídias, enfatizando a reportagem da revista “Veja” sobre problemas estruturais nos alicerces de fundação do estaleiro do grupo no Porto de Açu que teriam de ser submetidos a obras emergenciais e afirma que, embora as empresas LLX e OSX tenham negado o problema, as ações iniciaram o pregão em queda.
Dessa forma, acredito que o repórter soube combinar a denúncia (oscilação das ações de Eike na Bolsa) com a informação correta, sem o ranço da denúncia barata, ou seja, apurando, apurando e apurando pois, apesar de o jornal poder considerar “legítimo publicar uma declaração que supõe falsa, tem o dever de informar o leitor sobre razões de reserva ou descrença em face da afirmação” (GARCIA, 1992).
Assim, evidencia-se que o exercício da ética jornalística dependerá da consciência de quem transmite as notícias ao público. O controle desta relação deve ser exercido por regras definidas e pela sociedade civil.
REFERÊNCIAS
HAIDAR, D. Ações de Eike oscilam na Bolsa com rumor de ajuda do governo. Caderno de Economia. O Globo. Terça-feira, 9.4.2013, p. 23.
PETERSON, T. et al. Four theories of the press. Ilinois, 1956.
GARCIA. L (Org). Manual de redação e estilo. São Paulo: Globo, 1992.
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